Trajeto virtuoso

Todas as terças e quintas, pela manhã, cumpro um ritual que, mesmo me forçando a acordar cedo e me obrigando a controlar eventuais mau humores matutinos, não abro mão: levar meus filhos à escola. É um ciclo que se repete, pois lembro que quando criança, meus pais também me levavam à escola, momento em que assuntos diversos tais como vestibular, carreira, amigos e mesada eram abordados sem o estresse de uma conversa mais formal.

Bem, e por que falo disso no artigo de hoje? Com a economia mais desaquecida, um dos principais insumos da vida moderna tem andado mais disponível: o tempo. Com os negócios acontecendo em ritmo mais lento, quem fazia hora extra, eventualmente pode deixar de fazê-lo, pequenos empreendedores que trabalham por conta própria passaram a observar uma menor demanda por seus serviços, e até médicos ou outros profissionais liberais enfrentam a esma situação. E, com o tempo extra que agora lhes sobra, quem sabe não seja o momento propício para investirem em suas próprias carreiras e/ou formações? Digo isso porque o investimento em educação não corresponde apenas aos recursos financeiros que iremos dispender em uma faculdade, pós-graduação ou cursos de extensão e reciclagem. Até mesmo porque muitos destes são gratuitos! Tempo, para quem se joga nesta aventura, é fator chave, e disso posso falar com total segurança, seja porque já fiz muitos cursos ao longo da minha carreira ou porque trabalhei por um bom período à frente de programas de pós-graduação. Ainda lembro que nas entrevistas com candidatos, minha recomendação era sempre para que fizessem as contas: uma hora em sala de aula, no mínimo duas horas de estudo em casa, o que faz com que um programa de 24 horas transforme-se em algo próximo a 72 horas ou um mês inteiro com duas horas e meia diárias dedicadas a tal projeto. Posto de outra forma, dificilmente você conseguiria tal dedicação em uma fase em que precise “ralar” entre 12 e 14 horas diárias no trabalho, não é mesmo?

Mas será que o esforço vale? Entendo que sim, baseando-me em um conjunto de observações: (1) a evidência de que crescimento econômico e nível de escolaridade de uma nação caminham juntos; (2) o mercado de trabalho, exigente e competitivo, privilegiando os mais preparados; (3) a mobilidade social proporcionada por uma formação de nível superior; (4) a observação pura e simples, de que investir em educação é bom negócio: amigos que se graduaram comigo, sempre obtiveram fluxo de caixa regular, vindo de seus salários, realidade bem distante da de outros investimentos financeiros, onde por vezes ganha-se muito em um ano para devolver-se quase tudo no ano seguinte, vide nossa bolsa!

Assim, aproveitando este final de ano, quando universidades e instituições de ensino se batem para matricular um bom número de novos alunos, minha recomendação é que você, caso tenha interesse, comece a sua pesquisa já. Há inúmeras publicações comentando sobre os detalhes dos diferentes programas: extensão, pré-requisitos, custos, possiblidades de financiamento, entre outras questões. Uma boa sugestão é procurar programas que tenham sinergia com as áreas em que você possua maiores habilidades ou com maior potencial de contratação, ou ainda aproveitamento na empresa onde você trabalha. Mas, posso estar equivocado, pois afinal o mercado de trabalho é muito dinâmico e o que hoje é demandado pode ser que não o seja no futuro. De qualquer forma, nunca soube de alguém que se arrependesse por ter estudado. Mexa-se!

Um grande abraço e até a próxima!