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Paixão antiga...

Sempre mexe com a gente, é tão difícil esquecer... Tremendo sucesso do saudoso Tim Maia, lembra? Mas não se iluda, meu querido leitor, pois no artigo de hoje não abordarei finanças de casais ou questões do gênero. Quero tratar de outro tipo de paixão, que devagarinho e sem que a gente perceba, nos envolve de tal forma que acaba se transformando quase em compulsão, com efeitos – logicamente – no próprio bolso.

As paixões de que falo variam de pessoa a pessoa, e quem sou eu para criticar posturas! Eu também tenho as minhas, ora ora! Mas tenho refletido ultimamente sobre até que ponto tal tipo de comportamento não traz componentes de impulso, descontrole ou compensação pelas mais diversas frustrações e, o que era para ser uma fonte de prazer, acaba por gerar até mesmo mais estresse. Será que vale?

Para não fcarmos no terreno do abstrato, cito alguns casos reais que talvez você viva ou que, com certeza, conheça alguém que viva: acompanhar um time, um músico ou artista em todas as suas apresentações, estar sempre atualizadíssimo (leia-se adquirir) na moda ou nos itens de tecnologia, aproveitar o gosto por leitura, música ou cinema e assim nunca sair sem uma sacola cheia com os novos lançamentos quando passeia em uma livraria, por exemplo. A lista é extensa e não vou cansá-lo por entender que já consegui passar o espírito da coisa, não é mesmo?

Claro que toda esta discussão é muito relativa, pois depende das prioridades de cada um (a tal da utilidade de que economistas tanto falam). E, se não tivéssemos restrições orçamentárias – ou seja, conseguíssemos ter recursos suficientes para torrar em tudo que desejássemos – a razão de ser do presente artigo deixaria de existir. Infelizmente o mundo não é assim e portanto, algo deve ser feito quando nos encontramos diante de tal armadilha. Avanço com algumas ideias, não necessariamente financeiras mas que afetam o bolso!

(1) Desapego: Seguindo as orientações de uma especialista, para abrir espaço no armário, separe as roupas em três grupos: as sempre utilizadas, as eventualmente utilizadas e aquelas que acreditávamos que iríamos utilizar... Passadas algumas semanas, reveja a arrumação e, constatado que as posições dos cabides ou gavetas do terceiro grupo permaneceram inalteradas, simplesmente doe os itens ali presentes. Reflexão: Por que acumulamos tanto?

(2) Estresse: Usando um exemplo pessoal, adoro filmes, que pegava avidamente na vídeo locadora próxima de casa: como não dava conta do recado em um fim de semana, acabava ou pagando o aluguel sem assisti-los ou, o que é pior, adiando a devolução e assim  pagando multas e diárias extras na entrega. Reflexão: Por que não dimensionamos a capacidade de consumo?

(3) Repetição: Tudo bem que uma partida de futebol é única, mas um show de um mesmo artista? Reflexão: Uma terceira ida ao mesmo show que altera apenas uma ou outra música faz mesmo a diferença?

(4) Acessórios: Tenho um amigo que quando seu time joga, até os gatos da casa ficam trajados com a camisa do clube. Reflexão: Até que ponto o hábito, por excêntrico que seja, não nos afasta ao invés de nos juntarmos aos amigos?

(5) Incômodo: Uma grande amiga, após anos de relacionamento, separou-se de forma tumultuada. Encontrei-a no shopping comprando – pasmem! – não uma, mas quatro bolsas, simultaneamente. Reflexão: Até que ponto estes impulsos consumistas não estão apenas mascarando o real problema que deveríamos enfrentar?

(6) Prioridades: Um casal de conhecidos, que já avança na idade, não abre mão dos vinhos caros nos fins de semana. Recentemente demonstraram preocupação por não terem qualquer plano de previdência, sequer a oficial. Reflexão: Como balancear adequadamente o hoje com o amanhã?

Concluindo, reforço que tais reflexões envolvem muito mais atitude do que técnica financeira, propriamente dita. E não tenho a menor dúvida de que atitude seja o ponto de partida para uma vida financeira equilibrada.

Um grande abraço e até a próxima!

O autor autoriza o uso de suas declarações.

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